Nossa História.
No ano de 1983 iniciava uma história marcada por muitas lutas, dificuldades, perseguições cujo resultado é visto hoje, não em livros, revistas e sim na família de cada um dos centenas de membros que frequentam este ministério e muitos outros que encontraremos na glória de Deus.
Foi na década de 80 que o bispo José, já casado, profissional do ramo de elétrica onde atuava na montagem de navios, industrias e também na área predial, encarregado de dezenas de homens. Esta poderia ser apenas mais uma história de alguém que tinha um ótimo emprego e um futuro brilhante pela frente, porém, vamos voltar um pouco no tempo.
Meu pai, filho de Albino e Angélica Wendt, filhos de imigrantes alemães, trabalhavam na roça em terras arrendadas. Devido a isso, mudavam de cidade constantemente, e para meu avô, o filho aprendendo a ler e escrever já estava bom. O pouco que o bispo José conseguiu estudar, foi por esforço próprio.
Aos 8 anos de idade, entrou com minha avó pela primeira vez numa igreja evangélica, até aquele momento, era uma católica fervorosa, cheia de imagens em sua casa porém, com uma vida destruída. Suas mãos tinham uma doença que enchia de cascas e sangravam.
Sua vida a partir deste dia nunca mais foi a mesma, no dia seguinte, ao minha vó acordar, as cascas das ferida ficara sobre os lençóis e suas mãos, lisas como bumbum de bebe. Quebrou todas as imagens e aceitou a Cristo como único e suficiente salvador.
Aquele momento não passou despercebido, mudaram novamente de cidade até que aos 18 anos de idade, com ajuda de um primo, meu pai decidiu sair da roça e com um par de calça, outro de camisa e um sapato amarrado o bico com arrame, foi tentar a sorte na cidade de Canoas-RS.
Não foi fácil, trabalhando como servente, num tempo onde betoneira ainda não existia, muito trabalhou. Metade do salário ia para a pensão, e a outra para passagens de ônibus e ainda ter que sustentar o vício no cigarro. Soube aproveitar as oportunidades que Deus lhe deu, foi trabalhar com um homem, tipo um empreiteiro atualmente, como ajudante de eletricista. Um homem com um gênio terrível porém, com sabedoria e o desejo de sair daquela miséria, aproveitou a oportunidade já que orgulho não paga conta, e aprendeu uma nova profissão.
Com incrível inteligência e muita fé em Deus, num tempo de muito desemprego, mudava de uma empresa para outra com um salário cada vez maior.
Veio então a conhecer minha mãe, Cledi. Filha de Miguel e Iedda. Estes eram separados, minha mãe foi criada pelo seu pai e sua avó junto de seus dois irmãos. Meu avô trabalhando num frigorífico em Canoas-RS ganhando 1 salário mínimo e meio e pagando aluguel.
Até as fatias de pão eram contadas para conseguir guardar dinheiro para um terreno conseguir comprar. Roupas novas e calçados só em extrema necessidade, tempos difíceis. Conseguiu estudar e completar hoje o que chamamos de primeiro grau devido a uma bolsa de estudos que teve que abandonar para poder trabalhar, naquele tempo não havia escola próximo a sua casa com aulas a noite.
Por intermédio de uma prima, se não me engano casado com um primo do pai, vieram a se conhecer. Juntos lutaram muito, casaram, foram morar numa casa de madeira simples, bem pequena. Um ano depois de casados, compraram uma chácara de 20 x 50 m onde construíram sua primeira casa com garagem pois meu pai dizia que ia comprar um carro, loucura para seus familiares.
Seus sonhos se tornaram realidade, e então veio o primeiro filho, Márcio André, que veio a falecer aos 5 meses e 2 dias de idade. Quando a vida parecia tomar um rumo diferente daquele que lhes fora apresentado na infância, os ventos mudam, a morte do filho com apenas 5 meses e 2 dias, e o diagnóstico de câncer nos seios em minha mãe que após os exames, os médicos lhe dão apenas 10 dias de vida.
Quando o mundo começa a desabar sobre suas cabeças, decidem juntos irem rever aquele Deus que meu pai veio a conhecer aos 8 anos de idade e que minha mãe até esta data não conhecia já que seus pais eram frequentadores de terreira.
Ao entrar na igreja e participar de um culto, Deus ao olhar para este casal (imagino sua felicidade ao ver estes rostos em sua casa depois de tanto trabalho) usando o pastor chama por revelação uma mulher que estava com uma doença terminal sem os conhecer. Minha mãe então, passa a frente e assim como aconteceu com minha vó Angélica, também a vida de minha mãe nunca mais foi a mesma. Foi naquela noite curada do câncer.
Tempos depois, veio a engravidar de mim, Leandro e nasce um filho saldável, gordo, forte trazendo a alegria que faltava aquela casa. Já no meu nascimento, a proximidade de ambos com Deus era muito mais forte. No aniversário do meu primeiro ano de idade, meu pai faz uma grande festa e convida toda a família.
Estes pensando que iam beber muita cerveja como era de costume, encontram um José mudado, apenas refrigerante e ainda faz um culto onde prega a mensagem que vou deixar abaixo, na época foi gravada numa fita cacete.
Este amor pela obra de Deus foi dia a dia crescendo até que usando 3 profetas diferentes, sem um saber do outro, vão até a casa de meus pais na cidade de Canoas-RS na rua Rio Pardo 71, no bairro Mathias Velho e ali se faz presente Deus Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo e determinam que eles iam em 3 anos, para uma determinada cidade fundar uma igreja. Ainda relutante, pois não queria fundar uma igreja pois já era pregador, assim diz o Senhor: -“Eu, o Pai e o Espírito Santo nos reunimos no céu e definimos que você vai fundar esta igreja e não vai escolher nem o nome, tudo nós daremos a você. Hoje te dou uma escolha, funda esta igreja e vive, ou não funda e morre.”
Foi então em 1983, na cidade de Bento Gonçalves-RS, cidade onde meus pais não conheciam ninguém, sem parentes, amigos e familiares teriam que, começar novamente do zero, pois lhes foi tirado até o emprego. Vendendo os bens que possuíam em Canoas-RS (cerca de 6 terrenos), venderam 2 para poderem se manter e assim seguir as ordens de Deus.
Em princípio, foram morar no condomínio Vinhedos, na Avenida São Roque, começaram a ir com um punhado de folhetos carimbado de casa em casa oferecendo oração a quem deseja-se. O pastor José passava os dias dentro do hospital orando, muitos milagres aconteceram, e também fazia visitas ao presídio.
Conseguiu a liberação de um morador do bairro São roque, hoje Aparecida, para no seu pátio realizar o primeiro culto na cidade, imagino sua alegria depois de tanta luta, porém, como não podia ser diferente, o tempo fecha demonstrando que viria uma grande chuva. O dono do terreno olhando para o Pastor José, lhe diz:
“- Pastor, acho melhor o Senhor recolher suas coisas e fazer o culto outro dia, a chuva quem vem deste lado nunca falha.”
Meu pai, com muita autoridade e confiança em Deus lhe diz: “- Então hoje o senhor vai conhecer o poder do meu Deus.” Ao orar um clarão como uma faca reparte as nuvens em duas partes e o céu se abre e o culto acontece. Naquela tarde, naquele culto, uma mulher vizinha daquele local, com uma barriga parecendo estar grávida de 6 meses, porém era câncer, entrega sua vida a Deus e fica curada na hora, tanto que ao fazer novos exames, estes ficam presos no hospital pois seus médico não acreditam no que viam. Meu pai teve que bater uma carta na máquina de escrever para que estes fossem liberados pelos médicos.
Esta mulher, morava numa casa de madeira construída em um barranco e ofereceu para meu pai, a parte debaixo da casa para que fosse feita a primeira igreja em Bento Gonçalves, acredito hoje ser a Rua Ludovíco A. Geovanini no bairro Aparecida.
Ali cavou tudo que pode para construir um porão de alvenaria, fazer um piso e com bancos simples começar a fazer os primeiros cultos. Tempo depois, esta mulher, que foi curada do câncer, teve uma filha no útero que Deus curou, porém, pediu para o Pastor José sair pois ela precisava do porão para colocar os filhos para morar.
Deus neste momento abriu outra porta, na Av. São Roque, próximo hoje onde se localiza a fruteira São Roque, uma mulher que estava numa cama, sem poder andar por problemas na coluna, através dos dons do Espírito Santo do Bispo José (na época pastor) e sua esposa Cledi fica curada na hora, e também oferece seu porão, tinha as paredes mas precisava reformar e fazer um piso queimado vermelho, para ali começar um trabalho que certamente ia marcar a vida de muitas pessoas.
Nesta foto, foto 4, no primeiro batismo, ao estar batizando aquela mulher que foi curada do câncer e teve a filha, aparece na foto sobre a cabeça do Bispo José uma auréola e na água você observa rastros como a roupa dos anjos tocando a água.
Deus confirmando que ali estava presente, um dia frio, cerca de 3 graus de temperatura.
Neste dia, também estava presente o último pastor do Bispo José que ao receber a notícia que o pai estava saindo de sua igreja para abrir uma igreja em Bento Gonçalves-RS disse que lhe estaria esperando com um prato de comida no refrigerador. Não só reconheceu que, foi de fato Deus que o enviou, mas ainda participou da primeira campanha de nosso ministério levando uma excursão.
Nesta época, saímos do apartamento nos vinhedos e viemos morar no mesmo pátio, nos fundos onde tinha uma casa da mesma dona do porão que à alugou para nós. Como neste porão, onde fazíamos os cultos, não havia banheiro, meus pais deixavam a casa aberta para as pessoas utilizarem o banheiro da casa.
Me recordo de, em uma destas campanhas que duravam 3 dias e todos que vinham de outras cidades dormiam dentro da igreja e espalhados pela casa. Um fato que marcou foi na hora do café, um domingo a tarde com todo comércio fechado, o pão era pouco. Sem ter o que fazer, começaram a cortar o que tinha e como milagre, o pão caseiro, crescia nas mãos das irmãs. Resultado, todos tomaram café e nada faltou. Anos depois eu já morava aqui em Canoas-RS, e conversando na casa do meu Avô Miguel, sua esposa a Vivaldina (Tiata) me confirmou a história, já que na época eu era criança, cerca de 5 a 6 anos de idade, pois ela era uma das irmãs que estavam cortando os pães.
Nesta mesma época, a Menis baixou o hospital com problemas cardíacos. Diagnosticada com um coração fraco, seria para o resto da vida, segundo os médicos, uma pessoa que precisaria de cuidados extremos, como uma taça de cristal. Nesta época faltava tudo, menos o poder de Deus e por milagre, ela recebe um coração novo de Deus.
Muitos fatos extraordinários aconteceram nesta porão, igrejinha para alguns, fatos estes que se aqui eu contasse, certamente não acreditariam.
O tempo passou e as lutas, que sempre foram grandes, pois eram períodos de muita dificuldade financeira, pioraram.
Aquela, com sérios problemas na coluna, que fora curada, e sem conhecer a Deus, através do Bispo José e da Missionária Cledi alcançou os dons de profecia e visão, transforma-se de tal maneira devido ao orgulho, cheia de ódio, corta todos os canos de água que iam a nossa casa, arrebenta o poste de luz e com um revolver 38 manda que o pastor José saia pois ela iria abrir uma igreja para ela. Uma vizinha, católica, sede para nós água.
Certamente neste momento, passa pela cabeça, que a vida por vezes é um círculo vicioso, quando acreditamos estar por cima levando em conta os piores momentos já vividos, torna-se eles novamente a se repetir. Deus tem seus motivos.
Foi quando, uma família, sede um quarto de sua casa para ficarmos e os fundos do terreno para o pai construir. Outro enorme barranco para cavar e com muito trabalho, sozinho, em 30 dias levanta uma casa 6×8.
Outra família sede um porão para o Bispo José (pastor naquela época) fazer os cultos. Tanto a moradia quanto o porão estavam localizados, atualmente, na rua João Lorenzini, bairro Universitário.
Como não poderia ser diferente, o ciclo se repete. O Bispo José (pastor naquela época), marca uma campanha, a Merlin adoece com encefalite e baixa hospital. Ali ficavam se revezando entre a campanha e o hospital estando com a casa lotada de pessoas.
Quando tudo parecia resolvido, o ciclo se repete, ambas famílias que ajudaram, nos expulsam para montar um trabalho para sim com ajuda de um pastor que fora convidado para fazer ali na igreja uma campanha.
Deus determina que nos mudássemos para Guaporé-RS. Com os bancos, cadeiras e o altar nas costas, nem dinheiro para o frete tínhamos, lembro-me como se fosse hoje, fomos cantando naquela noite o hino: “Subo morro e desço morro carregando a minha cruz, mas não deixo de levar ao encontro de Jesus.“
Mudamos nossa igreja para a casa da irmã Terezinha Ramos e o Adelino Ramos que mesmo não sendo crente naquela época, abriu as portas da sua casa para ali realizarmos os cultos.
Com a igreja na casa da irmã Terezinha e nós morando em Guaporé, começa um tempo de paz.